24.3.11

quieto...

Mesmo quando você para e amarra os cadarços, a vida continua
ela segue contínua e nada faz ela parar
As vezes dá vontade de tomar um fôlego, mas já que nunca é o suficiente
só resta continuar como é possível, levantar e cumprir tudo o que está prescrito enquanto secretamente tento resolver as desavenças internas,
que às vezes, parecem eternas.


Esse é o ritmo da dança, o nome do jogo
a orientação severa que não te deixa brechas
trace sua própria estratégia, seja seu amigo
no final do dia, talvez, contemplará o sono dos justos

15.3.11

Sine qua non

separados e constituídos de orvalho
esquecerão suas origens para sempre
quicando entre os blocos contra a luz
se despedindo um do outro sem pensar se há retorno

entorpecidos por valores adquiridos
acordarão sentindo-se perdidos
tocando o próprio rosto e duvidando de tudo
de todo mundo

em uma noite de domingo, com as mãos trêmulas
deixarão registrado deforma sintética sua dificuldade
a vida é tão bela, ainda com sua dor azeda
mas existem horas em que não há o que me conceda
o privilégio da verdade

Sendo assim, tenta não esquecer de mim
diga que fui um louco e amável de passagem
eu não sabia o quanto lhe aborrecia
suspirar por acaso em momento incoveniente

eu acertei a hora do relógio
me sinto sozinho e auto destrutivo
não queria que estivesse aqui para ver isso

sou o herói de braços fracos e buracos na face
está ficando tarde e eu não sei se quero deixar o dia acabar
o pesar transborda os bolsos
se me esforçar eu ouço o som da rebelião no peito

o choro é interrompido, bem como o bocejo
todos arriscam uma teoria equivalente
confiante, eu espero a névoa, que está na lista com outros eventos
que me fazem abrir um sorriso
chuvas
frio e blusas
dormir à tarde
palmito em conserva
música antiga
abraço de verdade
pai, como eu sou covarde

seria bom se a enfermidade não fosse cumulativa
se a informação não fosse indigesta
se a ansiedade não ricocheteasse nas paredes da alma

simples como um dente
olhar deforanão soa como privilégio
quem saber o tédio venha do mal costume
de um constante entretenimento
já perceberam que eu encaro as consequências
e o que mais me machuca é a carência
porque há coisas com as quais eu simplesmente não vou me habituar

eu sofro, e nessa altura do campeonato já ficou muito claro
é um pleonasmo macabro, esses espasmo idiota
por favor, não tranca a porta

agora falta pouco, o pior já passou, aí vem o conforto
meu plano é resolver isso agora
e estar melhor preparado para enfrentar desastres nucleares
notei que cansei de jogos
mas fantasia e sonhos me povoam, em milhares

2.3.11

quando te deixaram sair na chuva

chamo isso de compensação
em um dia a existência lhe tira tudo
em outro, lhe estende a mão

em um dia, você se perde de todo mundo
em outro, há direção

em um dia você acha um absurdo
em outro, não

sem pressa e sem demora, vasculhe com cuidado sua memória
vai e arruma essa bagunça
sempre pode ficar pior
sempre pode ficar melhor

- posso sair na chuva?
- pode ir, emprestei o guarda chuva pra sua vó.