23.12.09

O sonho do futuro errôneo

Quando passamos pela avenida principal, vimos que ela já estava coberta de cinzas, alguns focos de incêndio permaneciam nos andares mais altos. Uma grande equipe ainda estava no local, fui diretamente ao responsável pelso registros visuais, sabia que algo poderia ser recuperado.
E lá estava ele, checando os ultimos sinais enviados via satélite pela equipe de segurança, mostrando imagens curiosas:

um casal que acabara de estacionar, tirando as compras do carro. Suas duas filhas aocmpanhavam carregando pequenas sacolas, mas uma decidiu se afastar por algum motivo. A câmera externa mostrou que a garota foi direto pra área da piscina, sentou na borda da piscina e pôs os pés na água.

Um senhor subia as escadas vagarosamente com a ajuda de sua bengala e parou por uns instantes para descansar.

Dois desajeitados robôs serviam o café da manhã para uma família, sem perceber que todos já haviam morrido. O motivo? Eles esqueceram o gás aberto no fogão e graças aos novos fechamentos herméticos do sistema elétrico, ele pôde se espalhar por todo o apartamento e aos poucos se espalhar por todo o prédio. Mas como atémesmo o sistema hermético possuía falhas,o gás enfim encontrou uma simples faísca, que fez com que o prédio todo explodisse, passando a se tornar um fogareiro tamanho família.

Com a força do impacto, a garota fora arremessada, para dentro da piscina, por sorte ela sabia nadar e se manteve debaixo d'água por uns instante antes de voltar a superfície. Ela se aproxima do prédio em chamas, olha pro um momento e volta para a piscina, pula novamente lá e se deixa afogar.

O agente temporal me traz as coordenadas e diz que não consegue um momento adequado no passado para me transportar, havia apenas um horário disponível para aquele dia, mas esse horário coincidia com o exato momento da explosão. Aceitei, pois ainda podia salvar aquela garota, que misteriosamente havia se matado.


A viagem no tempo me deixava fraco, era fácil notar minha transparência, eu era um fantasma de carne e osso e precisava lutar contra as limitações de não pertencer aquele lugar. O lugar era muito quente, tive que entrar pelo prédio vizinho e pular o muro, quando pude ver a piscina, vi também a garota se preparando para se arremessar em direção ao fundo, corri o mais rápido que pude e a segurei pelo braço, ela devia ter 8 ou 9 anos, tive que segura-la forte e carrega-la em meu colo enquanto tentava dizer com minha voz metálica que eu ia tirá-la dali com vida e que iria protegê-la. Ela relutava, dizendo que queria morrer, pois havia perdido os pais e a irmã mais nova e que não tinha mais nenhuma família. Eu prosseguia carregando-a, desviávamos dos corpos em chamas que se arremessavam das sacadas, foi um longo caminho até chegar na rua, até então nenhuma autoridade havia chegado ao local. Perdi parte das minhas forças e percebi que já não tinha muito tempo, ela pediu para descer e eu a soltei quando ela concordou em não fugir mais. A princípio sua primeira reação foi sair correndo e eu já não conseguia persegui-la. Ela correu em direção oposta a mim, até que parou bruscamente e voltou, segurando minha mão e perguntando para onde estavamos indo. Eu disse: para algum lugar mais calmo e menos quente.
As cinzas cobriam os telhados e marquises, os postes e minha única esperança era poder entregar aquela garota a salvo pra mim mesmo antes de desaparecer por completo.

20.12.09

15 motivos

sobre os recursos dos quais disponho
construo meu reino com a minha imaginação
a mente trabalha dia e noite, como se fosse em vão
em uma forma de viver somente de sonho

sobre o afeto que não direciono
os jogo para o ar, para quem quiser pegar
é triste vê-los caindo aso pedaços, aos mil estilhaços despedaçar
me faz reconhecer o engano

sobre as cascas que se formam em volta da alma
se tornam escudos muito vulneráveis
sequer sobrevivem a brisas suaves
sutis olhares de rejeição calma

sobre o problema da felicidade,
que está sempre aqui, e não aceitá-la
faz gestos, sinais, afim de ser notada
mas é tarde demais, é que arde demais a saudade