8.1.11

a última viagem de rufus

dormindo acordado, nuvens em volta dos olhos
desejos tão escassos, eu sei que eu deveria limpar o que restou
as pedras que batem na nave, me lembram que nunca vi neve
nem paisagem suave, parece que ninguém acredita no que eu sou

eu era o primeiro daquela lista
um jovem promissos recém formado em física
achei ser boa idéia esquecerem meu rosto
aceitei a missão de prontidão em agosto
nem me preocupei do que se tratava
o que iria fazer ou quanto tempo durava
eu só queria abraçar o espaço, me perder por completo onde eu nunca me acho

a adaptação foi bem penosa
senti muito enjôo com a gravidade baixa
a rotação harmoniosa das minhas lembranças bem guardas em uma caixa
duas semanas, oito meses, um ano
tão solitário quanto quem chega ao topo
esperançoso, vulnerável, humano
brincando com os controles, fingindo ser louco

comida em pasta, bebida reciclada
programas de humor do ano passado
barra de ferro, saco de pancada
livros de outras linguas que não falo
os icebergs de saturno ainda brilham com a lembrança de um sol que se despede
outro desvio pra evitar cometas, acredito que eles sempre me seguem

se eu já não sei se chegarei a tempo de conhecer outras formas de vida
como saber se chegarei a salvo em alguma terra desconhecida?
e quem sabe eu não seja o alvo, por invadir o universo alheio
mas eu prossigo, firme e calmo, tento evitar o meu maior receio.

7.1.11

certeza em fevereiro

tem alguma coisa que você passou muito tempo tentando mudar até descobrir que tanto faz?
algum desejo intenso que te corroía por dentro e que agora não quer mais?


E ao rir do exagero como tratava o que queria, com a mão na testa , ver como é fácil se perder no meio do caminho e esquecer o que ia comprar.

E partir em pedaços o pouco que lhe resta, evitar previsões ou promessas, verificar se os freios ainda funcionam.

sem ressentimentos, cada um vai para um lado, persegue o que acredita, abraça o que lhe falta, condena o que lhe irrita.

15.12.10

quinze

aprende-se muito passando bastante tempo em um lugar sem janelas
com coleta seletiva, chão sujo de terra, luzes fluorescentes simpáticas
com ar condicionado no máximo, cadeiras sem apoio para o braço, sopas temperadas com pimenta
com cabides para capacetes,armários recheados de biscoitos recheados, cadeados em ordem alfabética
com paredes acolchoadas, espelhos côncavos e convexos, emaranhado de fios diversos
aprende-se muito com bebedouros, alagamentos e sistemas informatizados
com conversas paralelas, diretas e indiretas
com comentários sobre o tempo e tudo mais que for óbvio
vendo seguranças bocejando em suas motos
recebendo um inesperado refrigerante grátis

13.12.10

Coleção 3/10

Entendo agora cada um dos motivos
alvo do seu olhar de reprovação, não há nada que me proteja
deixe um pedaço de mim, por compaixão
neve sabor cereja

18.11.10

coleção 2/10

Lembrança feito pólvora, espalhada em espirais
Combustão por faísca de quem tanto a deseja
Esquecer-te era tudo e eu não fui capaz
neve sabor cereja

14.11.10

mini histórias

A areia molhada sujava o chinelo, ele corria tomando atalhos em seu bairro pequeno. com meia dúzia de ovos na sacola, inconsequente e agitado, olhando em sua volta. Sempre quando olhava para alguém e era correspondido, desejava boa tarde. Se distraiu e torceu seu pé, quebrou quase todos os ovos.





- Eu não tenho muito para lhe oferecer. Dizia enquanto olhava para o chão.
- Se enxerga assim, quem sou eu para te convencê-lo do contrário.
Pôs seu casaco com fúria e deixou o local. Um carro bateu em um muro ali perto, um anel foi arremessado em sua direção e parou bem perto do seu pé. Ela fitou por uns segundos enquanto se afastava sem nada fazer a respeito.



Estavam todos reunidos na sala. Então ele perguntou se alguém gostaria de dizer alguma coisa. Um rapaz se manifestou:
- Olha, acho que estou virando pedra.
E realmente estava. Na verdade, a casa toda estava. Todos correram em direção à porta, mas com desespero ficava difícil usar o "macete" para abrí-la".



A indústria química passou dos limites e naquela manhã o rio estava gelatinoso e denso. Um curioso se jogou da ponte e se espantou: seu impacto fora amortecido.Pouca gente sabe que gelatina é feita de ossos de galinha.



Um homem equipou sua casa com produtos descartáveis: toalhas, copos, pratos. Mas talheres de plástico eram horríveis, ele preferia os comuns. As visitas achavam que todo dia era algum tipo de festa.

7.11.10

o caráter irreversível do tempo

não vai acreditar, mas essa manhã eu acordei achando que nada vale a pena
onde vou me esconder se o maior malefício vem de dentro e eu não sei qual é o problema?
você pode até discordar, mas não vejo propósito em esboçar um falso e tosco sorriso
e há de convir que não há para onde ir, nem você sabe o que eu preciso

ainda com as palavras engasgadas, deixo escapar um par de mágoas borradas
e me arrependo em segredo por cada
precipitação,impulsividade
leve confusão ao explicar toda verdade

não vai acreditar, mas essa manhã eu acordei com um pingo de esperança
vou sobreviver, pois não há o que temer, sendo amigo da vida que nos cansa

3.11.10

hora de ir

tanto faz, essa camisa meio amassada nas mangas
tanto faz, o caderno deixado em cima da mesa
o motorista hoje está com pressa, disso você tem certeza.

30.10.10

como perdi cem quilos

não foi revisão de hábitos
nem foi por dedicação
ou por convenções estéticas

não foi o que me disseram
nem tampouco decisão
consequência de decepção

descobri a pior das coisas
quando me revirava em noites mal dormidas, eu pude ver:
não estou quebrado
tudo funciona perfeito
tudo e de um certo jeito
eu consegui

se soubesse como é acordar e não sentir, oh chão, o que faria?
- simplesmente deixaria de existir

de que adianta ser louvável, já que causa tanta dor?
mesmo salvando milhões de vidas
não adiantou
não salvou a minha
e eu te pergunto todo dia se era o que você queria
ou se você errou ao me dar escolha
se a escolha já não é minha e nem parece ser sua
o que restou?

pedido de demissão

dando ré, pela décima primeira vez
em uma rua apertada, onde carros mal estacionados bloqueiam a passagem

dando ré, pela décima segunda vez
subindo pela calçada, enquanto as janelas são arranhadas pelos galhos das árvores

dando ré, pela décima terceira vez
muitas caras já fechadas, me olhando com reprovação como se eu tivesse culpa

dando ré, pela décima quarta vez
com celulares desligados, sozinho contra uma multidão de cobranças pertinentes

dando ré, pela décima quinta vez
eu só quero ir pra casa, o silêncio é bem vindo e o sono, inimigo

dando ré, pela décima sexta vez...

28.10.10

o uso dos porquês

Não entendo por que os cometas rasgam os céus mas nunca caem em locais apropriados.

meus cálculos estavam errados, senti vontade de dar meia volta, sabe por quê?

porque uma veia de preocupação saltou pela testa, aquela que contesta tudo que pode me acontecer.

o porquê das minhas memórias abatidas no penhasco, meu dicionário rasgado e a sola dos sapatos gastos na diagonal.

é confuso em todo o seu uso, para mim parece tudo igual.

27.10.10

coleção 1/10

perspicaz, pelos cantos da calçada, dançando discretamente
seguindo a pulsação dos carros, cuidando para que ninguém veja
garota das roupas de algodão, dos pés dormentes
neve sabor cereja

24.10.10

O amor invisível parte 3

Queria especular, poder dizer o que vai me acontecer
o chão vai desabar e as coisas vão voltar par ao seu lugar
queria entender porque diabos permaneço aqui
até perder o ar...

quando me perguntava, como então seria? o que eu faria da minha vida?
nunca imaginei, nunca imaginei...
(perecer só)

justiça seja feita com essa vontade de continuar
eu desafio o luto, eu luto mas não consigo ganhar
falam sobre a verdade, como se fosse alvo fácil
tão triste ser instável

quando me perguntava, como então seria? o que eu faria com minha vida?
nunca imaginei, nunca imaginei...
(perecer só)

O amor invisível parte 2

Labirinto, invasivo, que desperta a hora certa
eu entendo esse desejo de voltar

Labirinto, vingativo, que esconde a real face
velhos truques de espelho mesmo assim me encantam

Labirinto, persuasivo, que não deixa outra escolha
cercado e cego por sinais
agora tanto faz

O amor invisível parte 1

Num céu simbólico onde eu não pude estar
ressoavam versos diversos sobre sua falta
meus braços suspensos dispostos a te alcançar

foi tudo único com tanta força
que ainda sustenta sorrisos com a simples lembrança
de estar perdido e enfim se encontrar

sou vulnerável a tudo em você
desde os finos traços até sua voz calma e clara
não restam mais armas ou escudos para me defender

poesia vogon

não dremasve, por ti nosdelho
pela flácura contida e nula
semearia surdentas masjas
tremefaria argêntea bula
rotufrago-me de joelhos

és tênue, qual encoraja

29.9.10

contagem regressiva

as nuvens passam por nossas cabeças, isso nos deixa preocupados
seriam as pessoas como nuvens?
levadas pra longe com sopros

prelúdio do esquecimento

a gente não sabe o que há do outro lado do túnel
mal sabe o que nos espera na hora seguinte
a gente acorda com ou sem nenhuma esperança
tem dia que a gente simplesmente se cansa
de ser um bom falante, um bom ouvinte

eu não sei nada sobre a vida
mal consigo amarrar os cadarços de forma satisfatória
mas sabe, essa aqui é minha batalha
boa ou não, essa é minha história

26.9.10

três segredos confessados para o pôr-do-sol

há milhares de opções e é isso que me fez ficar tanto tempo perdido
tanto tempo para descobrir que o problema não estava em escolher, mas sim em sustentar a escolha

o pesar me faz sofrer multiplas enfermidades, guardo comigo
me falta o ar quando penso na improbabilidade de abrir um sorriso


eu ganho para perder e sentir saudade, alimentar a angústia com farelos
eu sempre me mahcuquei sendo sincero

9.9.10

Sotawaga

é como ver por outros olhos
não reconehcer o próprio rosto
adormecer sobre o gramado
bater a cabeça no estrado da cama
perceber que muitos anos haviam se passado

é sentir falta de tudo que era familiar
e desafiar o novo, sem pressa
é evitar o uso de promessas
estar lá para ver o tornado passar

é saber metade da história e inventar o resto
é usar como pretexto uma bússola quebrada

chegamos a um ponto em que os traços se quebrarão em vários pedaços
e os estilhaços podem causar alguns danos
eu quis a avidez de uma ventania desgovernada
mas ser lançado a um lugar ao qual eu não pertenço não estava nos planos

17.7.10

o que havia dentro do envelope que caiu acidentalmente no bueiro

faz parte da minha carência, pedir por atenção
estamos cercados de falta
estamos cercados de falta
eu já te pedi desuclpas por ter ido embora
estamos cercados de falta, agora

começou, como simples decisão
como simples progressão de uma tentativa quase boa
prosseguiu, como um pensamento legal
como a vida sem final de uma história que se diz madura
se diz madura

perdoe a certa urgência, mas é que é grande a demora
estamos cercados de falta
estamos cercados...por falta
eu tenho dificuldade em aceitar um não
estamos cercados por falta na contramão

guia prático para o assobio

Nessa pele oleosa existem sensores que captam a chuva fraca de julho
que sabem exatamente o que ela quis dizer com isso
toda a boa vontade, todo o embaraço de um clima amigável
chuvas me fazem sorrir enquanto deixam meus pés frios e molhados

é no espelho que se forma no asfalto, um disco de vinil tamanho família
que vejo alguém de quem eu deveria me orgulhar
alguém que chegou até aqui, sobreviveu apesar de tudo
e que ainda tem forças para descer alguns pontos antes só por esporte

verdade, é bom ser dono da própria vontade
é bom ser mal informado, ou ignorante
mas melhor ainda é equilibrar na ponta do nariz toda a informação que lhe confunde
um dia você ganha, um dia você perde, não lhe parece emocionante?

4.7.10

Aforismo

de tudo que a gente não desiste, sobra tempo, falta coragem
gosto do esforço, de permanecer para escutar

de tudo que a gente mantém, sobra um abraço
sobram meus olhso negros de cansaço
só quero que o domingo acabe bem

28.6.10

liga / desliga

eu tenho um estranho corte na sola do pé que não cicatriza
ele dói de tempos em tempos, geralmente quando não estou usando o tênis
eu só deixo de usar tênis nas férias, que é quando eu não preciso sair de casa para coisas formais

eu tenho apego por tudo o que eu disse um dia, principalmente o que não me lembro.

eu tenho visões de um futuro adulterado pela expectativa, alimentado pela utopia de um coração partido.

eu tenho dúvidas que guardo com carinho no bolso, junto com os pápéis de bala, que estão lá por que nao queria jogá-los no chão.

eu não tenho mais vontade de me vingar.

10.6.10

Carta ao Eu do passado: parte 1

Foi mais ou menos assim que recuperei o rumo:
uns furos a mais no cinto, um sono mais responsável
a tolerância como ferramenta de convívio
o sentimento de auto-destruição contido como um fantasma preso dentro do jarro

que fique bem claro que nada está certo ainda
é só um período de calmaria
eu vou polir o escudo e deixar ele preparado
encostado em algum canto dessa sala
vou ler todos os textos atrasados, talvez arrumar as gavetas
pensar no que fazer com as paixões que incomodam
com a quantidade de coisas das quais não queria me desfazer
no tipo de pessoa que quero ser
e se vale realmente a pena levar uma blusa extra hoje

11.5.10

o que aconteceu?

não tem muito o que contar
não foi engatilhado por nenhum evento
nenhuma gota d'água
ou algum estopim

um belo dia acordei e já estava assim

21.4.10

noites assim, quase infinitas

tremor nos pés descalços
olhar de indignação
são as coisas que permeiam a solidão

Lítigios plusperados
os laços que enfim desfiz
são as coisas que permeiam a solidão

o gosto quase amargo
de biscoito recheado ruim
são as coisas que permeiam a solidão

o solo se desfaz
a noite vem lhe dar a mão
são as coisas que permeiam....

8.4.10

nó difícil

eu espero um sinal, dos grandes e claros.
eu espero uma vontade, que seja forte e suportável.
eu espero um dia em que o ar não seja pesado.
eu espero não ter mais a barra da calça debaixo do sapato.

eu espero um pouco de compreensão e acolhimento.
eu espero noites de bom sono.
eu espero feriados longos, compromissos pequenos.
eu espero descobrir o que mais quero.

5.3.10

a invenção do tédio

não é que não há o que fazer, há muito o que fazer, sempre houve. Mas algum muro invisivel te impede, é como se a vida se resumisse em curtos movimentos, em pequenas considerações e qualquer devaneio fique preso no seu filtro de falso bom senso.

Enquanto eu viajava para outros planetas, você tentava achar algum programa interessante.
Enquanto eu descobria a fórmula para levitação instantânea, você pairava sobre a porta de sua casa, olhando a rua e esperando algo acontecer.

17.2.10

sobre a vida que não tive

esses dias acordei sentindo muita falta da maneira como eu encarava as coisas, sem sofrer por nada que eu não tivesse culpa, sem me retorcer ao perceber o erro recém cometido. Lembro que como um fantasma, eu atravessava as paredes da dúvida sem temor, eu era o super-herói da minha consciência, pois sabia o quanto tinha razão sobre mim mesmo. Tudo começou a desmoronar quando eu me vi longe de minhas forças, separado por um pequeno abismo, o qual eu simplesmente não sabia como atravessar, talvez naquele momento eu nem quisesse.

e agora eu me pergunto o que me leva a sofrer por tão pouco, o que determina a gravidade das dores do espírito, como serei capaz de lidar com tudo isso sem que eu pereça sendo a causa do meu próprio mal.

eu lembro de quem eu era e lembro do que aquele cara queria. percebo o quanto as motivações mudam e fico aqui olhando para as minhas glórias e ruínas preferidas, pensando em vidas que nunca tive.

13.2.10

visão com brilho

na sua nuca, ao apertar o botão certo, uma tampa de aço se desprende e de lá cai um controle remoto.
você nunca esperou ser considerado certo, mas quando apertou as teclas entendeu do que eu estava falando.
pois dessa forma, bastava pensar no impossível de uma maneira mais saudável e você poderia alcançá-lo.
não importa, você é o mais teimoso de todos e já que não existe um consenso, que vá cada um para um lado.

água, meias trocadas, ventilador, me restam 3 minutos.

7.1.10

truque de espelhos

O problema não era deixar coisas pela metade.
Porque deixar pode ser uma decisão coerente.
Era desistir que incomodava.
Nunca me sentir competente.

2.1.10

a curva do arrependimento

eu mesmo escolhi qual era o meu nome
e então construí o meu personagem
e distribuí todos os meus pontos
mas fui e esqueci das habilidades

sei que reclamei por não ter recursos
de nada adiantou, e o tempo é escasso
fizeram uma lei onde eu era incluso
naquele cartaz de mais procurados

pois eu golpeei e fui golpeado
o dano sofrido me fez derrubado
eu não golpeei e fui golpeado

mas não é um acordo, não é uma aposta
qualquer convenção da qual você gosta
terá seu fim

23.12.09

O sonho do futuro errôneo

Quando passamos pela avenida principal, vimos que ela já estava coberta de cinzas, alguns focos de incêndio permaneciam nos andares mais altos. Uma grande equipe ainda estava no local, fui diretamente ao responsável pelso registros visuais, sabia que algo poderia ser recuperado.
E lá estava ele, checando os ultimos sinais enviados via satélite pela equipe de segurança, mostrando imagens curiosas:

um casal que acabara de estacionar, tirando as compras do carro. Suas duas filhas aocmpanhavam carregando pequenas sacolas, mas uma decidiu se afastar por algum motivo. A câmera externa mostrou que a garota foi direto pra área da piscina, sentou na borda da piscina e pôs os pés na água.

Um senhor subia as escadas vagarosamente com a ajuda de sua bengala e parou por uns instantes para descansar.

Dois desajeitados robôs serviam o café da manhã para uma família, sem perceber que todos já haviam morrido. O motivo? Eles esqueceram o gás aberto no fogão e graças aos novos fechamentos herméticos do sistema elétrico, ele pôde se espalhar por todo o apartamento e aos poucos se espalhar por todo o prédio. Mas como atémesmo o sistema hermético possuía falhas,o gás enfim encontrou uma simples faísca, que fez com que o prédio todo explodisse, passando a se tornar um fogareiro tamanho família.

Com a força do impacto, a garota fora arremessada, para dentro da piscina, por sorte ela sabia nadar e se manteve debaixo d'água por uns instante antes de voltar a superfície. Ela se aproxima do prédio em chamas, olha pro um momento e volta para a piscina, pula novamente lá e se deixa afogar.

O agente temporal me traz as coordenadas e diz que não consegue um momento adequado no passado para me transportar, havia apenas um horário disponível para aquele dia, mas esse horário coincidia com o exato momento da explosão. Aceitei, pois ainda podia salvar aquela garota, que misteriosamente havia se matado.


A viagem no tempo me deixava fraco, era fácil notar minha transparência, eu era um fantasma de carne e osso e precisava lutar contra as limitações de não pertencer aquele lugar. O lugar era muito quente, tive que entrar pelo prédio vizinho e pular o muro, quando pude ver a piscina, vi também a garota se preparando para se arremessar em direção ao fundo, corri o mais rápido que pude e a segurei pelo braço, ela devia ter 8 ou 9 anos, tive que segura-la forte e carrega-la em meu colo enquanto tentava dizer com minha voz metálica que eu ia tirá-la dali com vida e que iria protegê-la. Ela relutava, dizendo que queria morrer, pois havia perdido os pais e a irmã mais nova e que não tinha mais nenhuma família. Eu prosseguia carregando-a, desviávamos dos corpos em chamas que se arremessavam das sacadas, foi um longo caminho até chegar na rua, até então nenhuma autoridade havia chegado ao local. Perdi parte das minhas forças e percebi que já não tinha muito tempo, ela pediu para descer e eu a soltei quando ela concordou em não fugir mais. A princípio sua primeira reação foi sair correndo e eu já não conseguia persegui-la. Ela correu em direção oposta a mim, até que parou bruscamente e voltou, segurando minha mão e perguntando para onde estavamos indo. Eu disse: para algum lugar mais calmo e menos quente.
As cinzas cobriam os telhados e marquises, os postes e minha única esperança era poder entregar aquela garota a salvo pra mim mesmo antes de desaparecer por completo.

20.12.09

15 motivos

sobre os recursos dos quais disponho
construo meu reino com a minha imaginação
a mente trabalha dia e noite, como se fosse em vão
em uma forma de viver somente de sonho

sobre o afeto que não direciono
os jogo para o ar, para quem quiser pegar
é triste vê-los caindo aso pedaços, aos mil estilhaços despedaçar
me faz reconhecer o engano

sobre as cascas que se formam em volta da alma
se tornam escudos muito vulneráveis
sequer sobrevivem a brisas suaves
sutis olhares de rejeição calma

sobre o problema da felicidade,
que está sempre aqui, e não aceitá-la
faz gestos, sinais, afim de ser notada
mas é tarde demais, é que arde demais a saudade

29.11.09

GABA VOGAB

troteindos todos postes perfuram me o poster
adornados faz se mister trumdelimbos cogiticulos
qualificam destes mestrecídios unanimes
invocabus e salarios ridiculos
dói me o dente, doravante truncofolhado transparente

resistência

tudo o que lhe é possível lhe chama
algo dentro de você tenta te convencer
"não é merecedor de seja lá o que for
ainda que respondacom vigor mantenho minha afirmação até perecer"

mas agora eu sou
agora eu posso
agora eu vou

9.11.09

Volte Sempre

Dois amigos entram na loja de conveniência, já havia passado das 19:00.
" ... Mas eu já te disse que é a maior perda de tempo, você deveria arrumar algo mais útil pra fazer"
O outro apenas desviou o olhar,balançando a cabeça em seguida.
" Vou levar desse sabor novo, nunca experimentei. Olha, frutas silvestres, o máximo que eles tem é uma samambaia no laboratório."
Pegaram algo pra comer e estavam a caminho do caixa, quando perceberam que o atendente acabara de trancar os dois lá dentro. A loja começou a se perder em chamas, os dois se perderam por um momento até correrem de forma desordenada para as vidraças mais próximas. Derrubaram a geladeira sobre o vidro e por cima dela passaram a tempo de evitar graves queimaduras, umd os amigos se prontificou a perseguir o atendente que observava distante seu pequeno show. O atendente corria muito e conseguiu com facilidade chegar ao outro lado da rodovia movimentada, se esquivando de carros em alta velocidade.
Por um momento, ele parou e olhou para sua quase vítima, que o reconheceu imediatamente e olhou fixamente sua imagem até que os multipos cmainhões fizesse daquela fuga uma animação de poucos quadros.

5.11.09

solavanco

Começa com um suspiro, um final de tarde, vento entrando pela janela meio aberta, um envelope arremessado e um pouco de angústia. Ando pelo espaço limitado do quarto e imagino uma solução para o meu maior problema: eu havia crescido. Seja pelas roupas que já não cabem, idéias que já não servem, desejos que de nada valem. Seja pelo conflito entre definir o que se quer ou deixar ser carregado pelo destino, eu havia crescido.
Uma monstruosa força me obriga a deixar o imaginário, diz pra mim que não se pode voar com um coração tão pesado, que se eu não sou capaz de atravessar o corredor polonês e permanecer de pé, não mereço ter chance, ter vez e por mim ninguém terá fé.
Eu respondi: faça o que quiser pra tentar me impedir, mas eu ainda não desisti.

a resistência

Havia uma viagem solitária, uma terra desconhecida entre os tantos mundos já criados.
Havia uma respiração pesada, alguém disposto a chegar ao outro lado.
Havia a ausência de um rosto, um espírito fechado, um sonho ridículo que sustentava toda uma vida.
Havia uma promessa superficial, feita às pressas e à distância, meio calafrio engolido a seco.
Havia ferida costurada e esterelizada que só doía no pensamento, solto no vazio, esperando o ultimo momento.

1.11.09

pense em um nome

essa...essa é minha ultima promessa
e antes que tudo desapareça
eu quero evitar a minha pressa
sentir a tarde em minha cabeça

um pensamento me incomoda a beça
memória que eu escolho, sim é essa
saber que nunca fui tão vulneravel
em tal estado vão e lastimável

veja... equilibrados fogos de artifício
e eu nunca soube o que é ter aquilo
talvez um dia eu entenda
felicidade não depende disso

26.10.09

Palácios de Gelo

Venha e tente entrar no palácio de gelo
que é tão bonito de se admirar
de se aproximar
ouse então descobrir tudo o que mais quero
e se dar conta de que não vai encontrar
pois não mais está lá

chega de soluços, movimentos bruscos
escorregar em um chão que não é nenhum pouco macio
não sou mais tardio, um bom visitante
esperando a recepção com um olhar perseverante
conversando com as portas trancadas ( não dizem nada)

quando quiser sair do palácio de gelo
e andar pelo jardim de cristal
ver estátuas de sal
vai se despedir com um pesar no peito
"é tão bonito de se admirar
mas não posso ficar"

14.10.09

novidades

Diz pra mim o que há de novo
pois nao saber me faz abrir sorrisos
pare de dizer o que eu preciso
conte notícias do seu mundo

quero saber se eu consigo alcançar tudo isso que tanto quero
construir sem desespero um teto para meus sonhos vívidos

28.8.09

pombas

havia um sussuro que escapou da boca de um sonhador arrependido.

que percorreu cem milhas em direção ao norte e curvou-se definitivamente em direção ao rio .

chegou aos ouvidos de um mero desistente que ouviu atentamente: " quero um coração blindado e antiaderente".

23.8.09

paralisado

eu perdi a prática de bater em portas trancadas
perdi o sono em um passe de mágica
eu me entendi quase que por completo

nessas ruas sem faixas de pedestre, olho pro rascunho do mapa
várias setas desenhadas a caneta

5.8.09

Câimbra no equilibrista

Medo é seu intenso e inteligível protetor
Medo é ao mesmo tempo seu receio e seu rancor
que te afasta sorrateiro para algum lugar seguro

Medo é certamente sua pior contradição
Medo também faz com que você fuja em vão
com a armadura ao contrário sem saber o que de fato...te ameaça

o que não soube controlar?

Tempo é a maior de suas interrogações
Tempo acalma, apressa, frustra e cura o que puder
testa os meus reflexos que parecem ter caído em desuso

entre a minha dádiva e o meu erro, resta-me saber como termina


parece bobo girar tanto, mas são coisas que fogem do controle
torço para que a rede ainda esteja lá, eu havia pedido para alguém tirar

30.7.09

Jogo de adivinhar segredos

foi uma briga na escola que não contou para os pais?
não
foi um motivo injusto que lhe deu vantagem?
não
foi um perdão da boca pra fora enquanto o rancor lhe roía o peito?
não
foi o superpoder de adivinhar o que é errado e mesmo assim nao fazer o que é certo?
não
já sei, você é tão humano quanto qualquer um e por isso sente remorso, que disfarça com seu ódio inesgotável, planeja uma reviravolta inexplicável, que o fará ter ar de implacável, ainda sim sabe que não será desse jeito.

(...)

assim não vale, eu nunca soube esconder direito.

25.7.09

o jeito errado de ser feliz

você levanta como um gigante e resolve dormir mais
acorda confiante e resolve dormir mais
esquece todo e qualquer maldito problema e resolve dormir mais
a tarde chega amiga e fria

você lembra da sua teimosia e resolve dizer não
se atrapalha em nostalgia e resolve dizer não
calça as meias trocadas

você vê que já é tarde e resolve esperar mais
tudo se acumula, mesmo assim, tanto faz

17.7.09

moletom no sol

plim plim plim
faziam os copos que se despedaçavam
toda vez que eu me arrependia os musculos falhavam e não eram capazes de me manter
tom tom tom
fazia meu peito em contraste com o silêncio
quanto mais penso mais, mais pondero sobre o que significa existir

16.7.09

Nuncaminho

dance comigo a valsa da indecisão
com ela vamos até a esquina
que os problemas sempre estiveram aqui
e sempre estarão
resta nos folego pra resistir
resta nos ritmo que não cesse

vem com passos que sejam largos
o suficiente para passar da curva
fora dali seremos lenda

Ainda não acabei

e é por isso que tudo está esparramado assim
cds antigos à direita, folhas amassadas no meio

Amigo, queria poder explicar tudo com detalhes
mas são centenas de dezenas de milhares
me deixa aqui
Consigo, posso atravessar as paredes da alma, dos lugares
e em todo canto que olhares verá uma lasca do que eu digo

Simples e útil como um pão, feroz e confuso feito um cão
teimoso e decadente como um tolo

o que é o que é?

Se eu pergunto porquê, perde-se a graça
Se eu mantenho por dias, torna-se vulnerável
Se eu esqueço e retorno, tem melhor gosto
Se eu abandono de vez, imensa é sua falta

4.7.09

o novo corte de cabelo

discuti sobre o futuro da humanidade enquanto sofria de verdade
por pequenos lapsos dos quais não tive controle, em nenhum momento sequer
experimentei a dor da anestesia, a ultima fantasia de um ser humano qualquer
eu, que nunca havia levantado bandeiras, lentifiquei meus movimentos

eu me rendi a qualuqer coisa, por não me achar digno de conflitos
não quero ser um mito para uma terra sem sentido
estive aqui por anos a fio me protegendo de ser vulnerável
mas como nunca foi estável assino aqui esse pergaminho

essa prisão invisível, eu não sou mais meu inimigo

9.5.09

Nosso adjetivo

Aqui estou eu brincando de tentar pegar o que não alcanço
mas limites são coisas frágeis e fáceis de se superar
com um tanto de vontade, um bocado de esforço

Aqui estou eu querendo dizer não
arrumando a cama e dizendo as palavras mágicas
exercitando tudo o que seja necessário ter prática

eu jurei que nunca quebraria esse vidro
não vou descer lá pra buscar a cadeira

26.3.09

a única forma de se parar uma bola de neve

vá em frente, seu teimoso
você sabe quem eles são
armados até os dentes com argumentos decentes
fundados sobre pedras de lógica imortal

vá em frente, pedaço de vento
enfrentar o furacão
se conseguir voltar te darei uma medalha
reconhecerei meu erro em menosprezar sua insistência
ó pai, dai me complacência

prossiga o discurso, faça os gestos que tem de ser feitos
admire o espanto de quem te odeia tanto
antes de discordar do mundo sofrerá em si mesmo
e a bigorna há de cair sobre seu coração blindado
há dias eu te contei o meu único segredo
há dias, e não há porque ter mais medo

22.3.09

distorção ambivalente

chega de torcer o pescoço para acompanhar o que está escrito no anúncio
você vai ficar enjoado se não sossegar um pouco.

é o jeito errado de se resolver um problema, tapando um buraco com um pedaço qualquer que lhe fará falta, é a mais deliberada fuga, a mais vã e incapacitada. Eu começo a me orgulhar de algo que você faça, se conseguisse manter esse ritmo se manteria de pé por muito mais tempo. Chega de deixar pedaços, de não concluir o que quer que seja, de esquecer o prato em cima da mesa.

Eu acredito que você possa melhorar, mas comece logo a reforma
antes que o barulho e a sujeira das obras invada o lado de fora.

14.3.09

Sotawaga - Parte I

Ele pescou de sono durante a aula e quando adormeceu enxergou pelos olhos de outras pessoas. Achava o máximo mas nunca controlava essa habilidade. Tentou treinar até conseguir controlar as direções até poder ver pelos olhos de cada um de seus vizinhos, em ordem alfabética.
Certa noite, resolveu dar uam volta pela vida noturna de suas visões e presenciou um crime através dos olhos de quem estava cometendo, porém ele não sabia que quando via pelos olhos de outras pessoas havia uma troca e as pessoas cuja visão fora invadida invadiam a visão do habilidoso penetra ocular. Foi por esse motivo que o criminoso descobriu quem ele era, pois assustado por ter presenciado o crime, o garoto abriu os olhos diante de um espelho. O criminoso o caçou avidamente em todas as escolas até finalmente o encontrar. Naquela noite, um novo crime aconteceria naquele bairro...

roupas de papel

fazem barulho quando você se movimenta
rasgam fácil com gestos bruscos
não podem ser molhadas e queimam muito rapido
tem detalhes e desenhos toscos

Hoje acordei com marcas nos rostos
as dobras dos lençóis e os sonhos que assombram
eu me olhei e me pedi:
hoje é dia de não se deixar levar, jogue a água que for necessária
se a defesa falha, lhe resta a estratégia de suportar

varrer o chão é complicado quando os pisos são escuros
não se sabe se há sujeira ou se é sua imaginação
a sorte é randômica, termodinâmica
a sorte é a única explicação

31.1.09

o motivo de eu não usar camisetas regata

Acorda filho, sabe que horas são? Estou atrasada! Calça o chinelo e me leva pro serviço.

Mas mãe, não sei dirigir direito e minha carteira está vencida.

Você sabe como eu sou com horários, e é tão perto e tão rápido.

Mas o que são 15 minutos? Você já trabalha tanto.

Estou decepcionada contigo, minha raiva me levará ao pranto.


Então começa o discurso que eu conheço, entendo que não sou isento da culpa e que mereço.
Poderia voltar a dormir se pudesse, mas a palavra ecoa 10 vezes e me aborrece.
E eu tentei er independente da aprovação, chatear pessoas sempre me fez mal

a marreta e o casulo

com um golpe só, curto e forte, desejo de vez acabar com essa palhaçada. Chega e enxergar embaçado o outro lado, legal é o vento que vem de fora. Assim que minhas mãos estiverem livres descascarei as fibras com minahs unhas e farei uma bagunça no meu velho abrigo, antes que alguém brigue comigo, correrei quilômetros em direções confusas. Dói em mim o golpe, dói em mim.

Por hora é mera projeção, adiantamento de esperanças, especulação exagerada.

Me vejo daqui há alguma respiração, com os pés sujos de barro e obcessão curada.

27.1.09

o símbolo de uma pequena espera

03:55 : tensão sai pelos poros e o corpo acelera
03:56 : anima o coração que pula forte
03:57 : pergunta-se o porquê da demora
03:58 : recebe-se uma estimativa imprecisa
03:59 : o momento aguardado parece eminente
04:00 : enfim liberam o download


.

o tempo é tímido, fica mais lento quando olham pra ele

eu fui o último a sair da sala

Com essas meias novas, não vou temer pisar em falso.

Essa noite eu sonhei que uma multidão desaparecia por causa da chuva e só restaram meia dúzia de pessoas em volta de um trailer de cachorro quente.

Reciclo essas roupas enquanto as outras não secam.

Eu estava acompanhado de um japonês do FBI e um negociador do marrocos, íamos visitar meu artista favorito. Ele nos recebeu surpreso mas ofi muito educado.

Esses livros importantes não deixam a mesa ficar bamba.

A platéia me pediu uma boa piada, então fui lá e contei. Todos se retiraram apesar de terem rido um bocado, mas estava na hora de fechar a casa de espetáculo, olharam com um pesar para o palco e se despediram.

Moro em uma dimensão em que os sacerdotes pecam.

Minha vontade era tomar um suco concentrado de limão com duas pedras de gelo quase derretidas, deitar sobre uma dúzia de travesseiros, dormir com o som da tv...

24.1.09

Amigo Imaginário

Senhor talvez, me lembro que
nós dois conversávamos sempre ali
tomando limonada ou jogando xadrez
e a vida era sempre um porquê

Senhor talvez, não entendia
porquê nunca quis expressar opinião
dizer o que acha ou tirar conclusão
era muito importante pra mim
Senhor talvez, esse é o meu fim

Eu queria muito mesmo
tomar mais decisões
me importar um pouco menos
com as minhas direções
mas causa um certo embaraço mudar de idéia em curtos intervalos
entre um abandono e outro, escolho o que eu acho do meu gosto

Como escapar da dúvida
sem ser tão impulsivo
mesmo com o peito aberto
e ar de decidido
falta um pouco de coragem, que bobagem, nem sequer insisto
entre um abandono e outro, eu perco o que eu quero ou o que eu preciso


Senhor talvez, me decidi, e ahco que agora entendi

15.9.08

dez esperanças

1- Que eu vá jogar aquele jogo que sempre perco e ganhar pelo menos uma vez.
2- Que inventem máquinas mais simpáticas e que não acabem com meu humor
3- se chovesse um pouco mais enquanto eu estivesse em locais cobertos e um pouco menos enquanto eu estivesse lá fora seria ok também.
4- Um pouco mais de força para quebrar minhas próprias barreiras viria a calhar.
5- Oportunidades para reposição de sono localizadas em pontos estratégicos durante a semana.
6- Uma leve pitada de organização, o suficiente para achar meias que caibam no meu pé pela manhã.
7- Que me deixem em paz quando eu rosnar.
8- Que me perguntem o que houve quando eu passar muito tempo quieto.
9- que eu pare de enumerar as coisas.
10- que sejam no máximo 10, já que tive uma vez em que foram 100.

o problema de godofredo

...E então o médico surge por detrás das radiografias, com um olhar menos pesado e se aproxima:
- acabamos de descobrir que você não tem nada, e esse vazamento nada a tem a ver com o resto do seu organismo.
- Mas, ele brota das minhas glandulas sudorípadas, deve ter alguma origem.
- Não enconstramos nenhuma disfunção no seu organismo, e falando sério, é a primeira pessoa que eu vejo transpirar tinta. Talvez se vc passasse a evitar a exposição ao sol...

Godofredo saiu impaciente do consultório. Não sabia de migrava para o sul ou se oferecia seu estranho fenomeno para alguma fabrica de tinta.

14.9.08

robô arrependido

olhando as rachaduras na parede, lutando com essas roupas que não me servem, guardando papéis velhos no bolso lateral. A vida toda esperar que todos entendam seus significados próprios, é como se ocupar de empregos chatos e voluntários.
O mesmo grito que te salvava de ficar com a raiva entalada é o mesmo que a traz de volta dependendo do estado, de uma cachoeira de pensamentos que te ocupam, derrubando o que você ingenuamente chamava de estável. O seu equilíbrio não é algo de valor, mas você faz da sua queda algo mágico. E mesmo que ninguém mais concorde e eu sei que naõ vai ser fácil, já que cabeças duras amolecem com golpes bem dados.
Aquela promessa de chuva me toca pra valer, traz a tona a minha vontade de permanecer sobre um banco de ponto de ônibus, de ser um pouco do que eu fui quando me senti perdido, um simples cara sorrindo, um robô arrependido.

8.9.08

o som do ultra som

cada nota feita é um espanto
seus cabelos que mal respondiam ao ventos se empinam ouriçados
seus pés levitam por alguns centímetros como se não houvesse nada de errado
batendo de frente com a latência, que se dissolve em respostas rápidas, trens saindo de dentro do seu coração



26.6.08

colar espatifado

Peguei as miçangas sem me preocupar em contá-las, eram amarelas e laranjas, também encontrei algumas rosadas. Não sei com que tipo de roupa combinaria, então não consegui descobrir de quem era. Minha vizinha nem sequer usava brincos, minha mãe preferia cordões de prata, as crianças usavam pulseiras de elástico colorido, de estrelas de plastico pintadas. Poucos visitantes passam por essa rua e eu não havia visto isso quando saí de manhã, outras crianças também colecionavam cada pecinha, como se competissem ou algo assim. Eu certamente ficaria em segundo lugar, mas como não sou fã de ocmpetições arremessei-as para o alto. Brilharam por um brevíssimo momento e eu fiz de conta de que era um momento memorável, fiz questão de relembrar esse fato, fiz questão até memso de escrevê-lo em algum lugar, só pra me lembrar que os pequenos momentos da vida relamente não parecem ter nada demais, e quem sabe sejam pequenos exatamente por esse motivo.

inseto dentro do sapato

eu, que não sabia que horas eram
que não entendia bem os sussuros
e geralmente fechava a porta sem querer na frente dos outros

eu, que enfrentei multidões em vão
que bati o pé sem ter um pingo de razão
subtrai meu saldo bancario quantas vezes foi preciso
deixei os juros roerem meus sonhos de consumo, prejuízo

eu, que não controlei meu sono
ao sonhar com fatos de fato enfadonhos
não gostaria de ficar sozinho
nem se me dessem prêmio

não sei se afoguei com talco
ou esmaguei ao pisá-lo
se não resistiu a queda
pobre inseto azarado

9.6.08

3 litros d'água

aceite sua condição
aceite sua condição
diz o dia que lhe arranca o coração

faça tudo pra mudar
faça tudo pra mudar
diz a noite que não deixa descansar

bobagem decidida
coragem reprimida
pensa alto enquanto descarrega vida

6.6.08

A memória das células

O corpo libera o suór, regula a temperatura e te mantém bem
Na queima houve perdas e o organismo age rápido para que tudo fique em ordem
Uma célula sobreviveu ao desastre e relatou para todas as outras que acabaram de nascer:


Minha membrana quase não suportou a explosão, nenhuma de nós esperava aquele movimento brusco. Eu estava relaxando um pouco ali perto do reto femural quando os musculos se contraíram de uma forma muito peculiar, meus companheiros foram tragados para o abismo muscular enquanto eu já havia dobrado a esquina da artéria. Estava tão quente que eu nem precisei da glicose, procurei abrigo no esternocleidomastóideo e fiquei lá até o corpo repousar novamente. Mas não se preocupem, eu sobrevivi e vou contar a vocês tudo o que sei, começando sobre a calmaria do esternocleid...

20.5.08

interrupções em momentos críticos

gostaria de ser claro e conciso, parafraseando algo que tenha sido bem entendido
ter o poder de produzir a resposta, ser sucinto e objetivo
mas me resumi tanto que já nem me entendo
com tantas entrelinhas já não sei onde começo
já não sei onde termino

Mas nesse peito barulhento e empoeirado bate um coração alérgico e são nesses nervos sinestésicos que deixo de sentir a dor de ser mal interpretado, ainda assim eu insisto em dizer o mesmo, modificando os argumentos, acelerando o andamento, não pretendo ser chato.

faltam teclas nesse teclado, falta tinta nessa caneta, falta a ponta desse lápis, faltam idéias que valham a pena.

8.5.08

Vista aérea do labirinto

Você achou que seria fácil, então escalou o muro de grama e se deparou com algo intrigante
seria dificil descobrir o caminho, pois nem sequer conseguia enxergar o final
tentou seguir por cima dos muros, dizendo a si mesmo que era iniciante
e era de fato pois nem sequer soube se equilibrar

de volta ao chão tudo parece mais claro e convincente
corto caminho usando um alicate
corro aflito para o final eminente
meu corpo enfim a porta fechada bate

aperto a campainha e perguntam quem eu sou
"eu não sei de fato"
me convidam pra entrar, servem bolo e chá

" aqui não é a saída, é como se fosse uma sala de descanso"
enfim abrem a porta e me mostram a outra parte do labirinto
muros altos de pedra rígida.

4.5.08

Pudim com Garfo e Faca

Na viagem pra cá, escutei várias recomendações
foram agressivos comigo e me arrancaram raiva
raiva eu desconto em casa, em paredes ou refeições

Andando por aí apenas com meias, que sujas fizeram-me arrependido. As pedras pontiagudas brigaram comigo, eu insistia todo dia em criar uma nova forma de ir a padaria. Um dia, estendi uam corda do telhado da minha casa até o final da rua, com uma roldana me prendi e me arremessei adiante, patinei sobre o teto dos carros e segui radiante, como jet li fazia nos filmes. Rodopiei e aterrisei em cima das goiabas, me escondi e fingi que já estava lá, andando calmamente até o balcão.

"Posso comer pudim com garfo e faca?"

"Ora, porque não?"

Fotofobia

Consegue ler a linha anterior?
Hoje, me parece dificil
Se a recaída fosse um vício, a cura seria a queda definitiva
de definitivo nem mesmo a morte, nem mesmo a cor do escuro
queria ter feito um seguro contra essas espinhas dolorosas

E a linha à direita?
Essa é praticamente impossível
prefiro andar de dirigível a ter que descobrir tais significados
gosto de tudo que não me pareça errado
mas não sinto prazer em ter razão
apesar de me enfurecer quando sou contestado

Ficou mais nítido agora?
Sim, um pouco
como o sentido das vias de mão dupla
ou como o enredo de um filme que ganhou oscar
bem como a música que toca nas estações
culturas que geram escolhas
escolhas geram confusões

Mecânica das Filas

Se eu fosse mais velho, duraria menos a espera
Se mais novo, não haveria motivo para estar aqui
Se fosse um dia ensolarado, estaria satisfeito como ar condicionado
Pois nos dias frios, desejo acender uma lareira aqui dentro
Eu viro a senha de cabeça pra baixo, mas não faz nenhum sentido
me apóio em uma só perna, pra distribuir o cansaço
bebo o último gole da garrafa
olho as horas
espero
inquieto
bato os pés e canto
em silêncio, leio os papéis de novo
nada de novo, mesmos números e códigos de barra
quando acaba, sinto me satisfeito e com ar de dever cumprido
olho os rostos fechados de quem ainda não foi atendido
o sorriso do segurança que se despede
o sol bate no rosto como se estivesse com saudade

1.2.08

café com leite? meio quente.

eu mapeei toda essa casa, tenho as coordenadas e sei o melhor caminho caso você queira ir pro quintal, o beco lá fora tem menor movimento, uma vista boa, inclusive. Se quiser um bom esconderijo, tem um ótimo debaixo da escada, mas terá de dividir espaço com as tranqueiras que eu guardei lá, alguns sapatos velhos e minhas bugigangas de isopor. Pra chegar no meu quarto, bast subir as escadas, contar algumas portas, girar 3 vezes, procurar o fundo falso na parede e apertar o azulejo. Lá dentro existem vários segredos, o diário está dentro do sapateiro, há uma escotilha para o teto no canto esquerdo, os quadros empilhados no canto não são nada, fiquei de vendê-los faz um tempo, o botão do volume da tv está quebrado, procure o controle remoto debaixo do travesseiro, na gaveta da escrivaninha tem um recado, por favoor, evite lê-lo.

30.1.08

tintas que saem

eu entenderia a história se ela fosse contada do meu jeito
tiraria umas palavras, encurtaria umas falas, seria mais direto
duraria poucas páginas, a viagem de volta pra sua casa
talvez quando terminasse ainda ficasse a sensação de não estar completo

mas eu prefiro assim
acho melhor assim
é a única coisa que não podem tirar de mim

ele dobrou com cuidado a blusa
ele tirou com cuidado os sapatos
ele caiu com cuidado na cama
adormeceu e acordou atrasado

3.1.08

Perdendo o ônibus, pensando em ir a pé para casa...

... e as luzes dele se apagam ao chegar na rodovia
bem que eu queria, estar livre de ameaças
mas cheguei tarde, e a escuridão me faz companhia

a luz ofusca, pois todos vão em direção contrária
sem ter carona, olhando para o chão sem graça
eu tenho pressa, mas é uma pressa imaginária
há muito sono e cambaleio na ultima reta

eu vejo o primeiro poste do bairro, me recomponho
eu vejo a praça, o posto e minha casa
eu vejo minha cama, não vejo mais nada

A hora de apertar o botão

Te deixaram aí de vigia, tomando conta de um alvo imóvel, tomando conta do seu próprio ódio e de todo seu jeito inquieto. Te deixaram aí de vigília, batendo os pés até a primeira hora do dia, sem uma única vista interessante, sem uma boa ventilação ou café adoçado a gosto, sem revistas de passatempo ou cadernos para rascunho, o pior de tudo: é o começo do seu turno.

Vila Hulda

Quando atravessei a rua percebi que não fazia a menor diferença
o meu andar sorumbático, pensar burocrático, certas coisas a gente não inventa
procurei no meu bolso algum último vestígio daquele bala de menta
enxuguei o meu rosto, tapei meus ouvidos, com a boca seca e sedenta

na noite friorenta

houve um certo embaraço, ao desenrolar cabos dentro de minha mochila
lixo e papéis antigos, dificultavam a busca por provas mais vivas
livros em sacolas plásticas, maçãs e camisas limpas
olhei muitas vezes para o lado, procurando a inexistente saída

na noite ainda viva

direção defensiva

humilhado em um jantar 8 horas, tive de me defender, sem violência.
Disse não estar legal e com pressa
debandei desnorteado pela rua

se eu tiver de me perder, que seja por aqui, que seja com você
se eu tiver de me perder

11.12.07

alma dobrando a esquina

Você se parece comigo
como no dia em que perdi o caminho de casa
no meu bairro não haviam placas, não haviam mapas era tudo muito semelhante e confuso

Eu me pareço com você
tenho o mesmo par de asas
pesadas e retorcidas, traços doces, cores ácidas
me incomodam pois não sei como usá-las
- O que procura, alma dobrando a esquina?
- Nada demais, estou só,de passagem.

e os trotes tortos enfim convencem
a ignorar a imagem

a menina das placas tectônicas

você foi a primeira a me dizer bom dia quando cheguei, talvez tenha sido a única.
eu respondi baixo por estar distraído, por isso voltei aqui pra agradecer.
lhe trouxa uma trufa de framboesa, são minhas favoritas, espero que goste.

você não parece muito animada hoje, ainda está sentindo dores nos pés?
devem ser esses sapatos modernos, o meu vive causando problemas.
sem falar que acaba antes da ultima prestação.
eu prefiro não reclamar muito e continuar a refeição.

me diga, é verdade aquele papo sobre placas tectônicas?
eu sempre achei estranho um chão tão firme o tempo todo.

6.12.07

infinito impasse

contra o céu ou pelo o solo?Ombros antigos lhe passam o sal enquanto te olham,
foi como um soluço destemido parado no meio do caminho
foi como um prego que se perdeu no buraco do tijolo
estando meio abalado, de fato, distraido, perdido entre pedaços
encontro enfim a ponta da corda e me enrolo
come o pão ou o miolo?
a voz rouca lhe rouba uma frase, suspira fraco e deixa os braços voarem em desleixo
dos termos fortes eu nunca me queixo
apesar de querer que isso parassese
expor é tão perigoso quanto esconder

Manual de instruções da máquina chata

1- Sim, eu construí uma máquina chata que nunca vai funcionar, como pode ver, só existem 3 botões e nenhum deles funciona, nas cores verde, azul, preto, respectivamente. Há também uma manivela na lateral esquerda, não sei se voce notou, mas também não funciona, não pense que é só por motivos decorativos, ela até poderia desempenhar um papel bacana para o funcionamento dessa máquina, mas simplesmente não funciona.

2- A máquina chata foi feita exclusivamente para suprir suas necessidades, se funcionasse. Acompanha um kit de ferramentas caso queira desmontá-la e tentar descobrir qual é o problema dela, vai achar muitos cabos desconectados e terá a chance de torná-la ainda mais inútil.

3- Caso consiga fazer algo funcionar, favor me mandar instruções de como chegou a solução, para que esse problema seja corrigido nas próximas versões e ninguém mais possa faze-la funcionar.

4- Não possuímos assistencia técnica pro motivos óbvios, para compensar voce receberá um chaveiro que brilha no escuro com temática futurista.

Hora Temida

O cão estava encolhido fora de sua casa, as caixas empilhadas não diziam nada
haviam grades na janela mas eu não me sentia preso, tem muito mais liberdade aqui dentro
ser livre é escolher carregar seu próprio peso?
Me faz lembrar da reprovação que eu mereço.

Tive sorte quando alguém limpou minha bagunça, mas agora esta sala está desarrumada e imunda.
Riram do jeito com que eu varria, a forma errada de dobrar a coluna
eu não reagi mal a ofensas, mantive o silencio,não tolerei dor alguma
experimentei me conter, experimentei explodir
nada disso foi feito pra mim
nunca respondi a altura por ter problemas com medidas
sentei em um daqueles degraus e estiquei bem as pernas

Transitar entre uma posição e outra procurando a mais confortável é pedir para nunca ter um lugar reservado, dar a cara a tapa é pedir para ser esmurrado.
Pode não ser o que voce quer, mas é exatamente (ou quase) o que pediu, aí está.

velha aurora

o termo certo é sempre aquele que foge pelas beiradas, escondido
segui o beco apoiado nas paredes, não me preocupei comigo
o céu mudou de cor, o céu mudou
se eu fechasse os olhos e enxergasse pelos olhos de outros
me desprendesse da sensatez, livre, de vez

há blocos de gelo na minha frente, me impedindo de seguir
com uma colher de sobremesa abro caminho,hesitante...
conseguiria minha alma sair pelo auto falante?
uma vez alérgico, nunca mais robótico

velha aurora

o termo certo é sempre aquele que foge pelas beiradas, escondido
segui o beco apoiado nas paredes, não me preocupei comigo
o céu mudou de cor, o céu mudou
se eu fechasse os olhos e enxergasse pelos olhos de outros
me desprendesse da sensatez, livre, de vez
blocos de gelo na minha frente, me impedindo de seguir
com uma colher de sobremesa abro caminho,hesitante...
conseguiria minha alma sair pelo auto falante?
uma vez alérgico, nunca mais robótico

acentos com cedilha

como está? Hoje eu percebi uma sombrancelha levantada, o pé batendo muitas vezes e uma respiração descompassada, se for por causa das dívidas, prometo que serão quitadas. Se for por minha causa, posso me retirar o quanto antes, se for por sua causa, acho que é hora de aceitar sua natureza, se for por causa do governo, podemos ir pra cuba, se for por causa do aquecimento global, podemos arrumar uma geladeira nova, se for pelo tédio, eu vou levantar minha sombrancelha também e quem sabe bater os pés, se for pelo barulho, há fones ou posso abaixar o volume, se for pelo sentido da vida, podemos comer um pouco de torta, de estomagos felizes pensando que nada mais importa.

30.11.07

Tô de figas

Espera um pouco
Cansei de te perseguir
Preciso de um tempo pra me recompor
Correr nesse asfalto causa muita dor

Não quero ser o bobalhão
ficar sempre em ultimo e levar olé

Deixa eu me esconder enquanto descanso
tenho o esconderijo mais bacana da rua
ninguém vai saber de onde eu surgi
quando pensarem que eu desisti

Quando eu tinha 10 anos, a melhor hora do dia era às 5 e meia
eu saia correndo da escola e ia brincar
depois de um tempo passei a ficar em casa desenhando
passaram algumas semanas, ninguém veio me chamar

29.11.07

copiando errado receitas culinárias

É um fiasco quando você se fecha em pensamentos. É uma tragédia quando aceita sugestões. É horrível quando faz testes ou põe em prática suposições. Não é divertido apenas esperar eventos, nem revigorante perceber que aqui estão e já se foram, eu gostava de brincar com alimentos, eram os brinquedos que duravam menos.

Por praticamente um ano, troquei açucar por sal, vinagre por shoyu, azeitona por jujubas azuis.

Agora que aceito melhor o fato de ter tropeçado, confesso os crimes contra mim. Matei meu ego, sequestrei meu ânimo, roubei minha força e não devolvi. Não se preocupe, eu fiz backup.

6.9.07

nozes em calda

se olhar de perto esses meus poros, verá que eles estão em apuros
ser de um mundo torto que exige que você seja reto
veja esses meus olhos que ficaram secos como cimento
tão cortantes como pó de amianto

de nada adiantaria me desculpar por coisas que invento
ou até mesmo provar que elas existem, mas têm outro nome
eu espero um lar que caiba no orçamento
e procuro algo pra chamar de plano

26.8.07

o curso dos recursos

brilha célula sem fundamento, sua pele ainda brilha
seja pelo protetor solar ou pelo óleo que sorri por cima
medo de dormir porque o amanhã não é pleno
eu fico aqui sustentando o que condeno

envergam as costas sobre a cadeira de rodinhas, eu pedi demais, pedi como nunca pedira
enxerguei soluções e deixei problemas debaixo do tapete, reclamei por instantes e ajeitei o topete
não houve um dia em que eu rejeitasse o sentido natural das coisas
não faz sentido o fluxo, a corrente cheia de setas
eu admito, essas idéias estão bem velhas
contém rugas e tristeza sérias

5.4.07

momento entre o soco e o chão

gotículas perseguem suas direções indefinidas e flutuam, o rosto ainda expremido me fala: pensei ter doído mais. Vejo um vulto colorido e a luz do dia opaca, ouço um sereno "pííííí" bem ao fundo, como se eu estivesse debaixo d'água. Eu fecho a outra mão pra revidar, caso eu consiga me levantar depois, mas ela se abre automaticamente quando avista o solo, eu penso "droga! porquê eu comecei isso?", eu comecei e algúem fez questão de terminar.
quando faltava alguns centímetros, ainda parecia um sonho acordado, eu: o monstro sem asas, eu: o dragão embriagado. Pisquei os olhos umas duas ou 3 vezes antes de...

1.4.07

o que a linha imaginária separa?

Gigantes ficam presos em penhascos, enquanto pessoas medianas se esforçam para pular o desfiladeiro. Como uma maquina de caldo de cana rmeoendo tudo milhares de vezes, fazendo isso soar com o um sino infinito dentro da cabeça. Remoendo, exatamente do jeito que vc prometeu não fazer, depois do julgamento, a sentença: você é um trouxa, mas é um bom trouxa. Depois que a sessão depreciação acaba, o festival da promessa retorna, dessa vez só o que você pode cumprir, mas sem prazos, pra você não se enrolar, então chegam a um acordo e a vida tenta rodar como de costume, mas a impressão é de que isso ficará martelando por uns tempos.

Mais dias de insônia

me esforcei com o que não devia
e oque me vem não me diz nada
são só respostas erradas

me acostumei com a hentalpia,
arranquei a minha casca
há dor na ferida aberta

dúvidas que nao foram suas, vontade de ter ajuda,
e ainda pergunta oq ue te fez parar?


me portei como não devia
quando o que eu quis ter foi não ter nada
são só derrotas ingratas
repensado mais ainda
causou o que eu sinto agora
há dor na medida certa

bolhas diante da lua
andar só em mão dupla
e ainda pergunta oq ue te fez parar?

25.1.07

Dígrafo

Não foi de propósito, deixar o copo se espatifar no chão, ou esquecer que não se deve bater a porta ou falar alto. Desculpe por ter encostado na tinta fresca e logo em seguida ter sentado na sua poltrona favorita, espero que goste de listras.
Seria uma boa idéia sair de fininho e me esconder debaixo da cama, mas da ultima vez que fiz isso espirrei a beça, então prefiro continuar com essa expressão desatenta e levar o sermão depressa.

Duas semanas com gostos sintéticos
de banana d'água a bife a milanesa
ser tripudiado por falsa certeza
ver toda a verdade nas coisas sem nexo

crianças felizes com seus cabelos coloridos, faria o mesmo, mas e o emprego? Da ultima vez em que tive crise, perdi metade da minha comissão. Você seria satisfeito vivendo sóbrio onde só há ilusão?

A última carta suja (reprise)

Foram os calso nos pés, os dias em vão, vocÊ sabe muito bem
mais que ninguém, estão queimadas,minhas mãos
e espalhadas por toda minha sala

Quando os cacos saírem de meus joelhos, talvez possa me responder
entristecer? continuar o mesmo?
manchas em linhas tortas, sempre as mesmas linhas tortas


* um tributo ao passado

21.1.07

em situações de risco

1 ano, cronometros e calendários, quem pode acreditar neles?

Eu estava disperso, tentanto matar algo que realmente não existe, mirei bem, lancei minha flecha, e ela passa como se aquilo fosse feito de fumaça. Belo dia em que resolvi aceitar esse desafio, o mais longinquo e difícil de ser completado, eu estava de frente para ele e me sentia cada vez mais inútil.
Ele avançou e fez tudo em sua volta acelerar, diminuir o ritmo, congelar. Descobri que não poderia matar o tempo e que ele me mataria um dia.