26.6.08

inseto dentro do sapato

eu, que não sabia que horas eram
que não entendia bem os sussuros
e geralmente fechava a porta sem querer na frente dos outros

eu, que enfrentei multidões em vão
que bati o pé sem ter um pingo de razão
subtrai meu saldo bancario quantas vezes foi preciso
deixei os juros roerem meus sonhos de consumo, prejuízo

eu, que não controlei meu sono
ao sonhar com fatos de fato enfadonhos
não gostaria de ficar sozinho
nem se me dessem prêmio

não sei se afoguei com talco
ou esmaguei ao pisá-lo
se não resistiu a queda
pobre inseto azarado

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