15.3.11

Sine qua non

separados e constituídos de orvalho
esquecerão suas origens para sempre
quicando entre os blocos contra a luz
se despedindo um do outro sem pensar se há retorno

entorpecidos por valores adquiridos
acordarão sentindo-se perdidos
tocando o próprio rosto e duvidando de tudo
de todo mundo

em uma noite de domingo, com as mãos trêmulas
deixarão registrado deforma sintética sua dificuldade
a vida é tão bela, ainda com sua dor azeda
mas existem horas em que não há o que me conceda
o privilégio da verdade

Sendo assim, tenta não esquecer de mim
diga que fui um louco e amável de passagem
eu não sabia o quanto lhe aborrecia
suspirar por acaso em momento incoveniente

eu acertei a hora do relógio
me sinto sozinho e auto destrutivo
não queria que estivesse aqui para ver isso

sou o herói de braços fracos e buracos na face
está ficando tarde e eu não sei se quero deixar o dia acabar
o pesar transborda os bolsos
se me esforçar eu ouço o som da rebelião no peito

o choro é interrompido, bem como o bocejo
todos arriscam uma teoria equivalente
confiante, eu espero a névoa, que está na lista com outros eventos
que me fazem abrir um sorriso
chuvas
frio e blusas
dormir à tarde
palmito em conserva
música antiga
abraço de verdade
pai, como eu sou covarde

seria bom se a enfermidade não fosse cumulativa
se a informação não fosse indigesta
se a ansiedade não ricocheteasse nas paredes da alma

simples como um dente
olhar deforanão soa como privilégio
quem saber o tédio venha do mal costume
de um constante entretenimento
já perceberam que eu encaro as consequências
e o que mais me machuca é a carência
porque há coisas com as quais eu simplesmente não vou me habituar

eu sofro, e nessa altura do campeonato já ficou muito claro
é um pleonasmo macabro, esses espasmo idiota
por favor, não tranca a porta

agora falta pouco, o pior já passou, aí vem o conforto
meu plano é resolver isso agora
e estar melhor preparado para enfrentar desastres nucleares
notei que cansei de jogos
mas fantasia e sonhos me povoam, em milhares

Um comentário:

Anônimo disse...

O texto ganha uma emoção diferente quando lido por você...