8.1.11

a última viagem de rufus

dormindo acordado, nuvens em volta dos olhos
desejos tão escassos, eu sei que eu deveria limpar o que restou
as pedras que batem na nave, me lembram que nunca vi neve
nem paisagem suave, parece que ninguém acredita no que eu sou

eu era o primeiro daquela lista
um jovem promissos recém formado em física
achei ser boa idéia esquecerem meu rosto
aceitei a missão de prontidão em agosto
nem me preocupei do que se tratava
o que iria fazer ou quanto tempo durava
eu só queria abraçar o espaço, me perder por completo onde eu nunca me acho

a adaptação foi bem penosa
senti muito enjôo com a gravidade baixa
a rotação harmoniosa das minhas lembranças bem guardas em uma caixa
duas semanas, oito meses, um ano
tão solitário quanto quem chega ao topo
esperançoso, vulnerável, humano
brincando com os controles, fingindo ser louco

comida em pasta, bebida reciclada
programas de humor do ano passado
barra de ferro, saco de pancada
livros de outras linguas que não falo
os icebergs de saturno ainda brilham com a lembrança de um sol que se despede
outro desvio pra evitar cometas, acredito que eles sempre me seguem

se eu já não sei se chegarei a tempo de conhecer outras formas de vida
como saber se chegarei a salvo em alguma terra desconhecida?
e quem sabe eu não seja o alvo, por invadir o universo alheio
mas eu prossigo, firme e calmo, tento evitar o meu maior receio.

2 comentários:

Claudemir disse...

Viajo pra caramba com essa letra...
A música então, com os efeitos sonoros no final, muito bacana.

Glau disse...

Genial essa música. Completa em letra e harmonia.