O que importa agora?
7.11.18
meu coração é uma caverna vazia
e nela ressoa essa melodia
com a intenção de amenizar avarias
oferecer conforto, fazer companhia
eu até entendo o ímpeto de preencher o lugar
mas só o vazio amplifica e faz ecoar
quero entender essa angústia que me é tão particular
criar meu próprio sentido e ver ele vingar
meu coração é uma caverna vazia
em exibição, como uma galeria
cristalizado, tudo que já fui um dia
e a projeção do que eu gostaria
eu tenho pressa e eu tenho paciência no mesmo andar
guardo o conflito e resolvo sempre que dá
falo comigo atento e me ouço reverberar
não sei quem mais ouviria o que eu digo lá
no meu coração, que é uma caverna vazia
fortaleza desprovida de dinastia
cuja composição é esperança e nostalgia
é difícil não pensar nisso todo dia
1.9.18
CLT
Eu quero até acreditar
mas tem dia que é foda
a coragem de escapar
de um silêncio profundo
eu quero não desistir
mas as vezes é foda
complicado de aceitar o tempo passar
eu quero até insitir na solidão que vem
dissimular e acreditar que há outro lugar
eu quero entender mas é bem dificil
enquanto estou distraído
tentando sobreviver ao precipício
mas tem dia que é foda
a coragem de escapar
de um silêncio profundo
eu quero não desistir
mas as vezes é foda
complicado de aceitar o tempo passar
eu quero até insitir na solidão que vem
dissimular e acreditar que há outro lugar
eu quero entender mas é bem dificil
enquanto estou distraído
tentando sobreviver ao precipício
6.7.18
acho que decidi
foi ruminando que eu perdi o rumo
demorei tempo demais
distraído eu me consumo
ansioso mas medroso
travado mas capaz
nenhuma certeza embasa
a escolha que eu faço é um mero palpite
feito no auge da minha labirintite
na madrugada, na minha casa
16.4.18
A dignidade do risco
pra quem vive na bolha, cercado pela muralha
a consequência é densa, propensa à uma sentença falha
coincidência eu não saber de nada, nem onde está minha toalha
o mundo que era o meu quintal ser também o que me sufoca, me tolhe e me talha
foi por medo, mas também foi por desconhecimento
me fechar e não querer saber no que deságua o pensamento
aqui dentro, tudo é confortável e estático, cético e prático
um mundo caótico esmagaria esse ser tão intenso e frágil
mas houve o tempo em que venci e quebrei aquelas barreiras
pisei lá fora descalço e em falso pela avenida da incerteza cabreira
e olha, não foi nem fácil nem dócil o desenrolar do aprendizado
mas foi o golpe no osso que me fez sentir a vida inteira
e agora eu me permito, sou e sinto o gosto bom do desafio
de não saber, perder, temer, prender o ar bem no vazio
que a casca grossa seja a metamorfose da fragilidade
atento ao risco eu sigo, ostentando dignidade
base:
https://www.youtube.com/watch?v=ZC--qRPOaCM
19.3.18
Remediado Está
Olha como esses dias passam
e como trazem novos eventos
eu não esperava, mas acontecem
mesmo sem minha permissão
olha como as coisas mudam
se entortam ou se ajeitam
se dissolvem ou acumulam
independem da minha intenção
e eu até que me mexo
oh como eu corro atrás
mas tem hora que adianta
e hora que não adianta mais
o maios dos desafios
é o de pagar pra ver
quando tudo desmorona
ou demora pra crescer
sou metade esperança
e metade desespero
urgente pela mudança
mas também cheio de medo
será que eu sobrevivo
será que vou estar lá
quando esse atual tormento
se dissipar
será que vai ter uma trégua?
será que volta a me importunar?
será que eu vou ser tão chato quanto eu fui
no passado glorioso e mentiroso que só existe na cabeça
dos que não conseguem seguir
dos que não conseguem deixar ir
dos que não conseguem relaxar
18.2.18
Q de questão
Quanta coisa mudou desde que eu saí da beira do abismo,
mas ainda fico cansado quando corro, ainda balanço os pés quando sentado, ainda sinto medo de arriscar e vez ou outra me vejo como um impostor, flertando com a ideia de tempo perdido, olhando para trás como um vitorioso ao mesmo tempo que a sensação de incompletude machuca de leve o canto da alma.
Eu sei agora que tudo passa, eu mesmo passei aqui uma milhão de vezes pensando coisas diferentes, eu mesmo olhei pra chuva irado e sorridente, embriagado e sóbrio em desencanto, triste e estimulado. Sou mais que a vida provinciana anuncia, menos que a propaganda promete, sempre sedento e exigente, buscando um sono macio que ainda não existe, uma melodia que ainda não surgiu na minha cabeça ou quem sabe um meio de me entregar de vez ao fluxo do rio, que só vai pra frente.
Não quero mais ser importante, muito menos me sentir impotente perante o incômodo de estar doente. Quero encontrar quem eu sou dentro do que eu tento ser, resgatar a ousadia kamikaze de meus ancestrais e pular bem alto no escuro das chances, nunca mais me arrepender do receio, de ponderar demais como fiz antes, resgatar o meu ímpeto que evaporou de meu corpo.
Eu acredito que essa é minha última oportunidade. Pode ser que não seja a verdade e eu queira pressionar a mim mesmo nesse processo, mas julgo retrocesso não apresentar soluções nessa altura do campeonato. Eu tenho as ferramentas, tenho a habilidade, tenho a vontade e a estratégia, só preciso da força da matéria, do corpo que coopera e da mente um pouco quieta quando enfim for necessário.
Quanta coisa mudou desde que eu saí da beira do abismo!
8.12.17
patente pendente
e a gente fica assim, sem medo de continuar
e as coisas vão pra sempre mudar de qualquer jeito
e a gente fica assim, sem medo de tentar
é que pra sempre eu espero uma resposta que me caiba outra vez
outra vez
pode não ser ruim, mas pode também ser sim
já que tudo tem contraste, já que tudo que encontraste pode ter seu fim
mas não pensa em mim no dia em que eu deixar de conseguir
no dia em que eu deixar de conseguir
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